Quando dizer “não” parece demais
Você aprendeu a suportar o desconforto para que o outro não precisasse senti-lo — mas até quando vai se anular para ser aceita?
RELACIONAMENTO
Naiara Laene
10/31/20252 min read


Há mulheres que passam a vida sendo admiradas por tudo o que aguentam.
Mas quase ninguém percebe o quanto isso dói.
Elas sustentam o que não cabe, se doam até quando estão vazias e ainda sorriem para mostrar que está tudo bem.
São fortes, dizem. Mas, por dentro, estão exaustas.
A dificuldade de impor limites não é falta de coragem — é o resultado de uma vida inteira tentando ser amada do jeito certo.
Desde cedo, muitas mulheres aprenderam que, para merecer afeto, era preciso ser boas, calmas, compreensivas, disponíveis. Que não podiam decepcionar, nem incomodar.
E assim, o “não” virou pecado. A raiva, vergonha. O limite, culpa.
Só que viver sem limite é viver se perdendo aos poucos.
É dizer “sim” quando o corpo grita “não”.
É se calar quando algo te atravessa.
É dormir com o peso de saber que você cuida de todo mundo, menos de si mesma.
É sentir que ninguém te entende — mas também perceber que, talvez, você mesma tenha esquecido quem é, fora da função de agradar.
A psicanálise nos mostra que o limite é um ato de amor — e não de afastamento.
Quando você diz “não”, você não está sendo dura: está escolhendo não se abandonar.
Mas para chegar até aqui, é preciso encarar o medo.
O medo de ser rejeitada, de perder alguém, de ser chamada de egoísta.
E é nesse enfrentamento que começa a verdadeira liberdade emocional: quando o amor deixa de ser obediência e passa a ser escolha.
Impor limites não é deixar de amar.
É aprender a amar sem se apagar.
É respeitar o espaço onde o outro termina — e você começa.
É entender que quem se incomoda com o seu limite, se beneficiava da sua ausência.
E que você não precisa mais aceitar menos do que oferece.
Você aprendeu a suportar o desconforto para que o outro não precisasse senti-lo.
Mas percebe como isso te mantém presa?
A cada vez que você se cala para não gerar conflito, confirma inconscientemente a crença de que o amor só existe quando você se apaga.
Você permanece onde dói porque o desconforto te é familiar — e, de algum modo, te faz sentir pertencente.
Mas se permitir que o outro lide com o próprio desconforto é o primeiro passo da liberdade emocional:
é o nascimento do seu “eu” fora da culpa.
Porque toda mulher que aprende a dizer “não” com firmeza, finalmente diz “sim” para si mesma — e esse é o começo da cura.


Psicóloga Naiara Laene
CRP 06/186899
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